a tua voz que eu amo, e as tuas palavras
que eu não esqueço. Volta até mim
para que a tua ausência não embacie
o vidro da memória, nem o transforme
no espelho baço dos meus olhos. Volta
com os teus lábios cujo beijo sonhei num estuário
vestido com a mortalha da névoa; e traz
contigo a maré da manhã com que
todos os náufragos sonharam."
que eu não esqueço. Volta até mim
para que a tua ausência não embacie
o vidro da memória, nem o transforme
no espelho baço dos meus olhos. Volta
com os teus lábios cujo beijo sonhei num estuário
vestido com a mortalha da névoa; e traz
contigo a maré da manhã com que
todos os náufragos sonharam."
Nuno Júdice in «O Movimento do Mundo», Poesia Reunida 1967-2000
(Sei que não voltas e a tua ausência já tem os meus olhos por baços e no mais puro estado líquido. As tuas palavras, essas, colaram-se na memória. As mesmas que me fizeram sorrir, são as que me fazem agora tropeçar nas gotas que insistem em saltar-me dos olhos. Sou um náufrago.)
Sem comentários:
Enviar um comentário